Chico Piscina 18 anos depois

Para começarmos a conversa, quem foi o “patrono” do evento?

Chico Piscina era mocoquense, passou algum tempo em São Paulo na década de 30 do último século, quando frequentava a Associação Athletica São Paulo e afeiçoou-se pelos esportes aquáticos.
Cessada a razão de sua permanência na Capital do Estado, ele retornou à sua cidade, levando o desejo de construir uma piscina numa época em que a cidade de São Paulo não tinha mais de meia dúzia delas.
Desta piscina nasceu a Associação Atlética Mocoquense, que já deu grandes nadadores ao esporte de São Paulo, como Maria de Lourdes Caixeta e a melhor equipe de natação infanto-juvenil do Estado. Graças a Chico Piscina, Mococa entrou para a história da natação.(fonte: Além dos Fatos – Blog do Henrique Nicolini)

Participei como Atleta do “Chico Piscina”(1983) quando ainda era o formato de Torneio de Seleções Regionais do Estado de São Paulo; representei a 8a Região (ABCDM Suzano Mogi), posteriormente esta competição transformou-se no atual Kim Mollo, onde também fui apenas uma vez como Treinador(1995).

Na minha única participação como Atleta, fui no “sufoco” para nadar os 100m Livre e Costas; digo sufoco pois 10 dias antes estava com uma sinusite violenta e de tanto insistir com o Pediatra(meu Pai Dr Joi), fui liberado a total “contra gosto”…

Participar do Troféu Chico Piscina sempre foi um sonho e naquele momento a sinusite não iria me impedir!

Fui medalha de bronze nos 100m Costas, hoje esta medalha está com meu Irmão Rodrigo que assim como eu sempre foi apaixonado pelo evento…

Estive novamente presente no “Chico” três edições como eterno amante da Natação(98, 99 e 2000) e uma quarta como colaborador da Federação Aquatica Paulista(2004)…

Hoje(2022), depois de 18 anos retorno a Mococa no Chico Piscina para acompanhar uma Atleta que faz parte do Grupo Infantil do SERC São Caetano.

Honra, alegria, satisfação, emoção, recordação, introspecção, avaliação, Natação além dos bons e “velhos” Amigos que continuam na estrada ou melhor, na Piscina…

Este TROFÉU, o CHICO PISCINA completou 52 anos com um hiato de dois anos de pandemia ou seja, o Troféu Chico Piscina e eu nascemos no mesmo ano(1968).

Sem dúvida alguma é a maior e mais aguardada competição para as categorias Infantil e Juvenil(13 aos 16 anos).

Ao longo dos anos participaram deste evento mais de vinte Atletas que se tornaram Olímpicos e alguns inclusive foram medalhistas!

Já faz algum tempo que a palavra de ordem tem sido a “BASE”, mas neste momento peço desculpas mas preciso descer no próximo “ponto”!

Depois de dois anos sem o “Chico”, uma coisa que na minha humilde opinião é a marca registrada, a tão falada “trade mark” do evento foi “esquecida”…

Por questões financeiras o emblemático busto do Chico Piscina não foi colocado na medalha… triste demais, e podem ter certeza que quase todos os Atletas sentiram falta deste ícone nas suas medalhas bronzeadas, prateadas e douradas…

Como sempre dizia minha Mãe: tem coisas que jamais poderemos economizar…

Neste e em tantos outros dou inteira razão para Dna Rachel; economia que descaracteriza uma tradição jamais será encarada como economia…

Se a BASE é tão importante como vem sendo falado, o sacrifício/custo de se manter o “Chico” na medalha deveria ser um ponto de honra, quiçá um item no caderno de encargos como cláusula pétrea;

artigo 3 – premiação
O busto do Chico Piscina jamais poderá ser subtraído das medalhas e troféus alusivos ao evento.

Algo deste tipo e ponto final, não tem nada que substitua o valor agregado da manutenção de uma tradição.

Os “anéis olímpicos” jamais terão o formato retangular ou octagonal; são e sempre serão círculos…

Uma outra questão que novamente vai de encontro a parte financeira mas que volto a dizer que é a minha opinião; não tem como em um evento promovido pela entidade que desenvolve os esportes aquáticos no país, a mesma não ter nenhum representante durante o evento.

Pra mim é inadmissível!

Fiz um post que dizia:
Sem História não se tem propagação de cultura, seja ela qual for…

Outra puxada de orelha nervosa para todos nós; não damos valor para o passado e volta e meia escuto que quem vive de passado é museu…

História é o que alimenta a tradição, que por sua vez transfere-se para as gerações que continuarão perpetuando a modalidade ou o que quer que seja.

Por falar em tradição, peço a sua licença para homenagear um verdadeiro ícone no quesito “narrador”, o Senhor Mário Xavier!
Um historiador e amante da Natação que durante décadas narrou os campeonatos nacionais e estaduais de São Paulo; com seu emblemático anúncio para as finais ele sempre dizia com muito entusiasmo o seguinte:
“Eis aqui Senhoras e Senhores, aqueles que se constituem nos oito melhores nadadores do Brasil/de São Paulo para esta prova…
Ele cronometrava os parciais durante as provas e já dizia se estava ou não em condições de superar o recorde nacional, estadual ou de campeonato!
Isso trazia toda a atenção para quem estava na água, além é claro de acalorar ainda mais a torcida!

Eu tive este prazer!

Além das memoráveis narrações, durante os congressos técnicos dos eventos, o “Seu Xavier” contava a história do “patrono” da competição.

História, conhecimento, valorização, tradição e propagação dos que contribuíram com a Natação. Momentos de pura magia!

Pergunte aos que acabaram de participar do Chico Piscina 2022 se eles sabem quem foi o patrono do Troféu(não vale dar um Google)…
Quantos por cento saberão dizer?

Culpa deles?
De forma alguma; culpa nossa que não educamos e muito menos “contamos histórias” sobre a nossa modalidade…

Se queremos continuar “trabalhando/contribuindo” para nossa modalidade que soltemos os cronômetros e peguemos um pouco mais de informações históricas para transmitirmos para a BASE da Natação!

Por isso digo:
“Viva nóis, viva tudo, viva o Chico mas não o Barrigudo e sim o PISCINA”

Alexandre Indiani
Mormaii Natação & WetSuit
(11) 98198-0088
@mormaii_natacao
@alexindiani

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